As quartas de final estão aí. Começam nesta sexta-feira, quando de cara teremos Brasil e Holanda, um dos confrontos mais tradicionais do futebol mundial. Como não lembrar de dois filmes que passam na cabeça, os dois com final feliz, o primeiro é Brasil 3 x 2 Holanda, quartas de final da copa de 1994, um jogo memorável, talvez o maior que eu tenha visto em todas as copas, decidido numa potente cobrança de falta de Branco. O outro, semifinal de 1998, e mais uma vez decidido por um gaúcho, e ainda mais, crissiumalense, depois de 1 a 1 em campo, Taffarel foi o herói, defendendo duas penalidades e levando o Brasil a final, contra talvez e bem possivelmente o melhor time que a Holanda já teve, como jogadores como Frank de Boer, Ronald de Boer, Van der Sar, Reiziguer, Davids, Kluivert, Cocu, Bergkamp, entre outros, alguns consideram a Laranja Mecânica de 1974 melhor, não posso opinar, não a vi jogar, mas este time de 1998 era muito bom.
O time de Dunga teve contra o Chile a oportunidade de jogar como gosta. O atrevido técnico Bielsa é daqueles que quanto mais apanha mais gosta. Com esquemas de jogo ultra ofensivos, faceiros, sem nenhuma preocupação defensiva, apanha toda a vez que enfrenta o Brasil, que jogou com inteligência, velocidade e eficiência, já que vem marcando nas chances que cria. Uma pena que Ramires esteja de fora diante da Holanda, foi peça fundamental da vitória diante dos chilenos.
Mas o jogo desta sexta-feira será bem diferente do que vimos até agora. A Holanda embora não esteja dando espetáculo, venceu as quatro partidas e é uma equipe que requer muito respeito. Seu esquema 4-2-3-1 é igual ao utilizado por Dunga, valorizando a marcação, e priorizando a chegada dos meias na frente. Sneijder pelo meio, Kuyt pela esquerda e Robben pela direita se juntam a Van Persie no ataque. Uma temeridade que vejo, e Dunga certamente sabe disso, é que terá que ter uma cobertura constante auxiliando a marcação de Michel Bastos em Robben. O principal jogador holandês joga exatamente na faixa de campo do mais fraco marcador brasileiro. Julio César também terá que estar antenado, pois até agora o Brasil ainda não enfrentou uma equipe que arremata tão bem ao gol, mesmo de longa distância. Outra peça holandesa que pouco aparece, mas podem observar que todas as saídas de bola passam por ele, é o volante Van Bommel, que tem uma qualidade incrível no passe.
Quem anda bem é a defesa brasileira, Julio César é seguro, Maicon está em excelente fase, Juan até marcou um gol diante do Chile, tem ótima recuperação e o capitão Lúcio vem sendo para mim o melhor jogador brasileiro na copa. Além de aguerrido, incansável, bem posicionado e bom na bola aérea, nosso capitão aprendeu a passar bem a bola, além de dar velocidade nos contra ataques.
Nas outras quartas de final também teremos confrontos interessantes, principalmente quando falamos de Argentina x Alemanha que jogam no sábado às 11:00, sem nenhum favoritismo por nenhuma parte. Na sexta-feira a tarde, 15:30, teremos Uruguai x Gana, um confronto de muita força, sem nenhuma chance de espetáculo. Também no sábado às 15:30 jogam Paraguai x Espanha, com total favoritismo dos espanhóis, que finalmente parecem ter engrenado na competição.
Falando mais de Alemanha e Argentina podemos ter certeza de espetáculo neste jogo, já que são duas seleções bastante ofensivas e parecidas no modo de jogar, além disto seus jogadores de frente estão em bom momento. A única vantagem alemã é possuir uma defesa melhor (incluindo o goleiro). A vantagem argentina é ter uma equipe mais acostumada as decisões, e que não irá sentir tanto o confronto. É bem provável que deste confronto saia um finalista, assim como de Brasil x Holanda.
clecio.ruver@hotmail.com
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